05 janeiro 2007

Videojogos

Entretenimento adulto Jogadores que superaram os desafios de passar “só mais uma fase” ou quebrar um velho recorde de pontuação agora estão se deparando com um desafio mais significativo: combinar casamentos, prestações e a paternidade com seu estilo de vida de jogador de games. Em Gaming Generation, artigo publicado no 1up, um dos maiores portais da web que tratam de games, Shawn Struck investiga um aspecto interessante do actual momento histórico dos videogames: as gerações que passaram a infância e a adolescência jogando e desbravando as experiências pioneiras dos jogos electrónicos chegaram à idade adulta. Se antes quase todos os pais davam videogames de presente aos filhos sem entender patavina do assunto, perplexos diante da euforia que um aparelho daqueles podia causar nos pirralhos, hoje há um grande contingente de adultos que não apenas compreendem os games, mas também continuam jogando-os, iludindo a falta de tempo e a eventual incompreensão do cônjuge. E, de acordo com o artigo, a tendência é que cada vez mais o videogame se torne um elemento de convívio doméstico, agregando as famílias em vez de desintegrá-las, como já pregaram muitas teorias apocalípticas. Sites como o Gamer Dad, em que os pais analisam os jogos não apenas como pais, mas também como jogadores, são exemplo do fenómeno. Diante disso, surge outra questão: de que forma a chegada das primeiras gerações de gamers à idade adulta influenciará o conteúdo e a estética dos jogos de videogame? É cedo para uma resposta abrangente, mas alguns casos têm chamado a atenção de jogadores mais atentos. No Tea Leaves, o blogueiro “peterb” chama a atenção para a estética visual do último jogo da série Zelda, Twilight Princess, lançado em Novembro para o Nintendo Wii e no fim de dezembro para o Game Cube. Pela primeira vez desde o início da série, em 1986, os gráficos bonitinhos e infantis, que tinham atingido seu ápice no deslumbrante The Legend of Zelda: Wind Waker (2003, Gamecube), ganharam um visual mais adulto, ou, digamos, “pós-adolescente”, com tons sombrios e realistas. A estrutura narrativa básica do jogo, contudo, permanece a mesma e ainda parece direccionada essencialmente para jogadores mais jovens. O texto faz comparações com a literatura (em especial Harry Potter) e argumenta que os criadores do jogo quiseram agradar aos jogadores mais velhos, que cresceram jogando Zelda e agora, na idade adulta, acham gráficos como os de Wind Waker infantilizantes. Mas, afinal, o jogo é para crianças ou adultos? Ou será que as crianças também estão mudando? Ou a diferença cultural entre adultos e crianças está cada vez menor? São perguntas que os criadores de jogos precisarão responder a partir de agora. De qualquer forma, The Legend of Zelda: Twilight Princess é, para muitos, o melhor da série até hoje, e um dos melhores jogos já feitos em todos os tempos